São Paulo – Não é de hoje que o Hospital Sírio-Libanês ganha os holofotes. É nele que cuidam da saúde nomes influentes da política nacional. O ex-vice-presidente José Alencar trata lá um câncer no abdome. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), diagnosticou uma gastrite no Sírio-Libanês no fim de 2010. A presidente Dilma Rousseff (PT) curou seu câncer linfático no hospital da Bela Vista. Com tantos pacientes (e médicos) famosos cuidando da saúde em um endereço, é de se perguntar: o que o Sírio faz para atrair tanta gente?
Para o superintendente de estratégia corporativa do Sírio-Libanês, Paulo Chapchap, a resposta é simples: "Oferecemos qualidade de assistência, com profissionais motivados e infraestrutura avançada. Com pessoal de qualidade e tecnologia é quase natural que o Sírio-Libanês seja procurado por todos", afirma.
Mas esta não é a única resposta. Alguns hospitais elegem áreas da medicina em que terão especialidade de atendimento. E uma das especialidades do Sírio é a oncologia. Muitos desses pacientes “famosos” vão ao centro médico para tratar de câncer. Além de José Alencar e Dilma, o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia e os atores Paulo Autran e Raul Cortez (os três já falecidos) buscaram tratamento lá.
Eleger essa especialidade há cerca de 12 anos foi resultado da constatação de que as pessoas vivem cada vez mais e uma população com uma expectativa de vida maior terá chances de desenvolver doenças como o câncer e problemas de coração (o Sírio é especialista também em cardiologia). "Também investimos em neurologia, pois muitas pessoas hoje sofrem acidente vascular cerebral, também relacionado à idade", observa Chapchap.
Para tornar-se centro de excelência em um tipo de tratamento, um hospital precisa de equipamentos e médicos de ponta. E foi o que o Sírio fez quando "elegeu" o combate ao câncer como uma das suas especialidades. "Trouxemos o professor dr. Paulo Hoff, que estava havia 16 anos nos Estados Unidos, para chefiar nosso departamento de oncologia. Hoje organizamos nossos profissionais em centros de estudo. Eles se reúnem periodicamente e discutem os casos mais graves, procuramos a tecnologia ideal para os tratamentos, coisas que ainda são experimentais. Temos o a esse tipo de drogas", diz.
O Sírio também tem atraído pacientes que vivem fora de São Paulo e até do Brasil. No ano ado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou internado no Sírio. Sua filha, a governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) já foi operada lá. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, trata seu câncer linfático no Sírio. "Hoje, 5% dos nossos pacientes são de outros países", afirma Chapchap. Ele estima que entre 25% e 30% venham para São Paulo apenas para se tratar lá.
No ano ado, o Sírio investiu R$ 130 milhões em pesquisa e no atendimento aos pacientes. Neste ano, outros R$ 600 milhões serão investidos nesses setores e na inauguração de novas unidades: em junho começa a operar em Brasília um centro de oncologia. Na Avenida Brasil, em São Paulo, o Sírio vai inaugurar, também no meio do ano, um centro especializado em saúde da mulher. Nesse total de investimento não estão contabilizados os gastos com a construção de um hospital em Campinas, que será istrado pelo Sírio. No ano ado, uma unidade foi inaugurada no Itaim Bibi.
Apesar dos investimentos e da receita de aproximadamente R$ 700 milhões em 2010, o Sírio é uma instituição sem fins lucrativos, mantido pela Sociedade Beneficente de Senhoras – Hospital Sírio-Libanês (SBS-HSL). Seu primeiro prédio foi inaugurado em 1940, mas foi ocupado três anos depois pela Escola Preparatória de Cadetes e posteriormente retornou para a Sociedade Beneficente. O Sírio seria reinaugurado em 1965. Hoje tem quatro mil funcionários.
Além dos centros de excelência, o hospital, que hoje cuida da saúde dos políticos e empresários mais influentes do país, tem uma parceria com a Secretaria Municipal de Saúde. Três unidades de assistência médica ambulatorial (AMA) são istradas pelo Sírio: Peri-Peri e Vila Piauí (ambas na Zona Oeste) e Santa Cecília (no Centro). "Quando fazemos parcerias como essas, colocamos nossos profissionais em contato com outros pacientes e cumprimos nossa missão, de atender as pessoas independentemente de sua capacidade", afirma Chapchap.